quarta-feira, 29 de abril de 2009

Depilação

Esse texto é muito engraçado.
Olha só como a mulher conta a história da sua depilação.
"tenta sim vai ficar lindo"
Foi assim que decidi por livre e espontânea pressão de amigas, me render a depilação na virilha.
Falaram que eu ia me entir dez quilos mais leve.
Mas acho que pentelho não pesa tanto assim.
Disseram que meu namorado ia adorar, que eu jamais iria querer outra coisa.
Eu imaginava que ia doer, porque elas ao menos me avisaram que isso aconteceria.
Mas não esperava que por de trás disso, e bota por de trás disso, havia toda uma industria pornô-ginecolôgica-estética.
- Oi queria marcar depilação com a Penélope.
- Vai depilar o quê ?
-Virilha
-Normal ou cavada ?
Parei aí. Eu lá sabia o que seria uma virilha cavada, mas já que era pra fazer, quis fazer direito.
-Cavada mesmo
- Amanhã as 13 horas ?
- Ok. Marcado.
Chegou o dia em que perderia dez quilos. Almocei coisa leves, porque sabia lá o que me esperava, coloquei roupas bonitas, assim, pra ficar chique. Escolhi uma calcinha apresentável. E lá fui eu.
Assim que cheguei Penélope estava esperando. Moça alta, mulata, bonitona. Oba vou ficar igual ela legal. Pediu para que eu a seguisse até o local onde o ritual seria realizado.
Saímos da sala de espera e logo entrei em um longo corredor.
De um lado a parede e de outro, várias cortinas brancas.
Por de trás delas ouvia gemidos, gritos, conversas.
Uma mistura de Calígula com O Albergue.
Já senti um frio na barriga ali mesmo, sem desabotoar nem um botão, eis que chegamos ao nosso cantinho: uma maca cerca de cortinas.
-Querida pode deitar.
Tirei a calça e timidamente, fiquei lá estirada de calcinha na maca, mas a Penélope mal olhou pra mim, virou de costas e ficou de pé para um mesinha.
Ali estavam os aparelhos de tortura.
Vi coisas estranhas, uma panela, uma máquina de cortar cabelo, uma pinça.
Meu Deus era O Albergue mesmo.
De repente ela vem com um barbante na mão, fingi que era natural e que sabia o ela ia fazer com aquilo, mas fiquei surpresa quando ela passou a cordinha pelas laterais da calcinha e a amarrou bem forte.
-Que bem cavada ?
- É é isso.
Penélope então deixou a calcinha tampando apenas uma fina faixa da Abigail.
nome carinhoso do meu orgão, esqueci de apresentar antes.
- Os pêlos estão altos demais. Vou cortar um pouco senão vai doer mais ainda.
- Ah sim claro.
Claro nada, não entendi porra nenhuma do que ela fazia. Mas confiei.
De repente, ela volta da mesinha de tortura com uma espátula melada de um liquído viscoso e quente. (via pela fumaça).
- Pode abrir as pernas.
-Assim ?
- Não, querida. Que nem borboleta, sabe ? Dobra os joelhos e depois joga cada perna prum lado.
- Arreganhada né ?
Ela riu, que situação.
E então Pê passou a primeira camada de cera quente em minha virilha virgem.
gostoso, quentinho, agradável. Até a hora de puxar.
Foi rápido e fatal. Achei que toda a pele do meu corpo tivesse saído, que apenas minha ossada havia sorado na maca. Não tive coragem de olhar
achei que havia sangue jorrando até o teto
aé procurei minha bolsa com os olhos, já cogitando a possiblidade de ligar para o SAMU
Tudo isso buscando me concetrar na minha expressão
para fingir que era tudo super natural
Pénelope perguntou se estava tudo bem, quando me notou roxa
eu havia esquecido de respirar. Tinha medo de doesse mais
-Tudo ótima e você ?
Ela riu como quem pensa "que garota estranha"
Mas deve ter aprendido a ser simpatica para manter clientes
O processo medieval continuou
A cada puxada eu tinha vontade de espancar Penélope
Lembrava de minhas amigas recomendando a depilação e imaginava que tudo era uma grande sacanagem, só pra me fazer sofrer. Todas recomendam a todos porque se cansam de sofrer sozinhas.
-Quer que tire do lábios ?
- Não eu quero só virilha, bigode não
- Não querida os lábios dela aqui ó
Não, Não não pára tudo. Depilar os tais grandes lábios ? Putz que idéia.
Mas topei, quem está na maca tem que se fuder mesmo.
- Ahh arranca aí. Faz isso valer a pena vai, por favor.
Não bastasse minha condição, a depiladora do lado inavade o cafofinho de Penélope e dá uma conferida na Abigail.
- Olha tá ficando linda essa depilação
- Menina mas tá cheio de encravado aqui, olha de perto.
Se tivesse sobrado algum pentelinho, ele teria balançado com a respiração das duas.
Estava bem perto dali. Cerrei os olhos e pedi que fosse um pesadelo.
"Me leva daqui Deus, me teletransporta"
Só voltei a terra quando entre uns blábla blás ouvi a palavra pinça
-Vou dar uma pinçada aqui, porque ficaram uns pelinhos, tá ?
- Pode pinçar tá tudo dormente mesmo, to sentindo nada
Estava enganada, senti cada pinçadinha daquela pinça filha da puta a arrancar os cabelinhos resistentes da pele já dolorida e quis matá-la. Mas mal sabia que o motivo para isso ainda estava por vir.
- Vamo ficar de lado agora
-Hein ?
-Deitar de lado para fazer a parte cavada
Pior não podia ficar. Obedeci a Penélope, deitei de ladinho e fiquei esperando novas ordens
-Segura sua bunda aqui ?
-Hein ?
- Essa banda aqui de cima, puxa ela para afastar da outra banda.
Tive vontade de chorar, eu não podia ver o que Pê via.
Mas ela estava de cara para ele, o olho que nada vê.
Quantos haviam visto, à luz do dia, aquela cena ?
nem minha ginecologista.
Quis chorar, gritar, peidar na cara dela, como se pudesse envenená-la.
Fiquei pensando nela acordando à noite com um pesadelo. O marido perguntaria:
-Tudo bem Pê ?
- Sim.... sonhei de novo com o cu de uma cliente.
Mas de repente fui novamente trazida para realidade
Senti o aconhego falso da cera besuntando o meu Twin Peaks.
Não sabia se ficava mais com medo da puxada ou com vergonha da situação.
Sei que ela deve ver mil cus por dia.
Aliás isso até alivia minha situação.
Por que ela lembraria justo do meu entre tanto
E aí me veio o pensamento: "Peraí mas tem cabelo lá?"
Fui impedida de desfiar o pensamento
Pê puxou a cera
Achei que a bunda tivesse ido toda embora
Em um puxão só Pê arrancou qualquer coisa que tivesse ali
Com certeza não havia mais uma preguinha pra contar história.
Mordia o travesseiro e grunhia ao mesmo tempo. Sons guturais, preces e xingamentos tudo junto
-Vira agora do outro lado.
Porra por que não arrancou tudo de uma vez ?
Virei novamente e segurei a bandinha.
E então piora. A broaca da salinha do lado novamente abre a cortina.
-Penélope me empresta um xumaço de algodão ?
Apenas uma lágrima solitária escorria dos meus olhos
Era dor demais, vergonha demais.
Aquilo não fazia sentido. Estava me depilando pra quem ?
ninguem ia ver o tobinha tão de perto daquele jeito.
Só mesmo Penélope e agora a vizinha inconveniente.
-Terminamos. Pode virar que vou passar a maquininha.
-Máquinha de que ?
- Pra deixar ela com o pelo baixinho que nem campo de futebol.
-Dói ?
-Dói nada
-Tá passa essa merda..
-Baixa a calcinha por favor ?
Foram dois segundos de choque extremo.
"Baixe a calcinha" como é que alguém fala isso sem antes pegar no peitinho ?
Mas o choqeue foi substituído por uma total redenção.
Ela viu tudo da perereca ao cu, o que seria baixar a calcinha ?
E essa parte não doeu mesmo, foi até bem agradável
-Prontinha, posso passar um talco ?
-Pode vai lá, deixa a bicha grisalha
- Tá ótimo, pode namorar muito agora
Namorar, namorar... eu estava com sede de vingança
admito que o resultado é bonito, lisinho, sedoso
mas doia e incomodava demais. Queria matar minhas amigas
Queria virar feminista, morrer peluda, protestar contra isso
Queria fazer passeatas, criar uma lei antidepilação cavada
colar um poster da Claudia Ohana no meu quarto, sei lá
de repente comprar o domínio www.preserveasxoxotaspeludas.com.br

segunda-feira, 20 de abril de 2009

Aloglota

Alguma vez você utilizou a palavra aloglota? Pois é eu também não, apesar de parecer com o nome de alguma parte do corpo humano ( talvez alguma área perto da epiglote que é o mesmo que laringe). O significado de aloglota é:

Aloglota é aquele que tem por língua materna um idioma diferente daquele do país em que se encontra. (interessante não)